terça-feira, 13 de julho de 2010

(momento cultural)

TEXTO ESCRITO PARA O DIARIO DE PERNAMBUCO SOBRE A BIENAL DO WHITNEY MUSEUM
(prometo que os próximos capítulos do blog serão menos jornalísticos)

De Nova York:

Diagnosticar o momento vivido pela sociedade norte-americana no meio do governo Obama é um das pretensões da 75ª Bienal do Whitney Museum, uma das mais famosas e antigas grandes exposições periódicas do mundo, que é realizada a cada dois anos desde 1932 e terminou mês passado em Manhattan. Diferente de mostras como a Bienal de Veneza, que tem alcance internacional, a principal coletiva novaiorquina de arte contemporânea é dedicada apenas a artistas que nasceram ou vivem nos Estados Unidos (Edward Hopper e Matthew Barney estão entre os nomes que já passaram por lá).
O título da edição deste ano, escolhido pelo curador Francesco  Bonami, é simplesmente "2010". Dessa forma, eles querem deixar claro que a exposição trata de um momento histórico específico e singular. Segundo eles, após o desconfortável período de crise política da era Bush, agora os artistas podem voltar a se concentrar em seus anseios criativos mais íntimos. A partir dessa premissa, a exposição volta a valorizar a arte abstrata (onde cores e formas são o mais importante) e as crônicas visuais do cotidiano (bastante figurativas).
De certa forma, essa opção curatorial leva a um resultado quase inofensivo, sem obras polêmicas impactantes. Por outro lado, abre espaço para peças concentradas simplesmente na busca pelo belo, como as pinturas florais de Charles Ray. Entre os abstratos, se destacam os baixos relevos tridimensionais de Tauba Auerback, jovem pintora atualmente bastante badalada em Nova York.
Andy Wahrol não viveu o bastante para incorporar Michael Jackson em sua galeria de ícones, mas a Bienal de Whitney cumpre agora a missão de registrar a presença da imagem do ídolo na arte contemporâna com trabalhos de artistas como Lorraine O'Grady e Daniel McDonald. O próprio Obama, também icônico, aparece no sofá forrado com notícias de jornal a seu respeito, confeccionado pela artista Jessica Jackson Hutchins, que associa o presidente a uma mobília típica da vida doméstica e normalmente posicionada em frente à TV (onde a família se senta para consumir entretenimento).
Não por acaso, as obras mais críticas da exposição têm um certo caráter retrospectivo, como a ambulância funerária do coletivo The Bruce HighQuality Foundation (com cenas da contraditória cultura americana exibidas no pára-brisa) ou a série de fotos de Nina Berman, que venceu alguns dos maiores prêmios fotojornalísticos internacionais em 2006 com seu registro do casamento de um soldado que ficou com o rosto deformado após a Guerra do Iraque.
Para aliviar, uma certa alegoria da vida privada (comédia) se manifesta nos trabalhos de Ari Marcopoulos (vídeo onde crianças usam pedais elétricos para fazer noise rock em íntimo ambiente familiar), Robert Williams (desenhos cartunescos surreais no estilo das HQs underground dos anos 70) e James Casebere (fotos de maquetes de conjuntos residenciais pré-fabricados, parecidos com brinquedos).

2 comentários:

  1. Gostei mais das bienais de Veneza (2009), São Paulo (2006, 2004, 2002), Berlim (2006) e Mercosul (2007)

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  2. tá massa o blog, continua postando. :)

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